
Painelistas e o público presente no auditório da FGF | Foto: Max Peixoto/FGF
A Federação Gaúcha de Futebol - FGF promoveu, na segunda-feira (28), o quarto evento do projeto Conecta de 2025. Com quatro horas e meia de programação, o seminário "Histórias, conquistas e desafios: um olhar aprofundado sobre a evolução do futebol feminino brasileiro" debateu os progressos e as dificuldades enfrentadas pela modalidade, regulamentada oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol - CBF em 1983. Realizado no auditório da FGF, o encontro buscou fortalecer a categoria e contribuir para a capacitação dos profissionais envolvidos na gestão e no comando técnico das equipes.
Os painelistas foram recepcionados, durante o final da tarde, pela diretoria da FGF. A saudação de boas-vindas contou com a participação do secretário-geral, Mauro Rocha, do diretor financeiro, Marcelo Ducati, e do diretor jurídico, Gilson Kroeff. Também participaram os coordenadores do projeto FGF Conecta, Ademir Calovi e José Cicero Moraes, a coordenadora de comunicação da FGF, Christiane Matos, e a coordenadora do departamento de competições femininas da FGF, Gabriela Marranghelo Luizelli.
DA ERA DA PROIBIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO
A "História e Desenvolvimento do Futebol Feminino" foi tema do primeiro painel, mediado pelo Doutor em Ciências do Desporto, Prof. Dr. José Cicero Moraes. O momento também contou com a participação de Marianita Nascimento, diretora de futebol feminino do Grêmio, de Eduarda Marranghello Luizelli, ex-jogadora profissional, e da Dra. Silvana Volondre Goellner, pesquisadora e ativista do futebol feminino. O conteúdo abordado pelas painelistas resgatou a Era da Proibição do futebol feminino e a luta incessável pela consolidação da modalidade.
- Cada vez que falo sobre futebol feminino, não estou sozinha. Trago comigo a história e a coragem de todas que vieram antes de mim. Enquanto eu tiver força e paixão, seguirei fazendo pelo futebol feminino o que sempre fiz: lutar, construir e honrar esse movimento que começou lá atrás, quando ainda era jogadora. Hoje, faço isso com ainda mais responsabilidade, porque sei o que representamos para o futuro - disse Marianita.
- A história do futebol de mulheres é de altos e baixos. Avançou um pouco, mas muito em função dos grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Talvez o legado da Copa de 2027 seja dar direito para quem quiser jogar futebol, ter condições de jogar. Futebol de mulheres não é gasto, é investimento - concluiu Silvana.
Com mediação da coordenadora de comunicação da FGF, Christiane Matos, o segundo painel explanou sobre a "Evolução Física, Técnica e Tática do Futebol Feminino". A conversa contou com a colaboração de Luciano Bradalise, técnico de futebol feminino do Juventude, de Maurício Salgado, técnico de futebol feminino do Internacional, e de Cyro Leães, técnico de futebol feminino do Grêmio. Os profissionais abordaram a importância das categorias de base na modalidade, os desafios enfrentados pela falta de um calendário mais extenso e também desmistificaram a comparação entre o futebol feminino e masculino.
- Temos que incentivar essas pessoas que começaram o desenvolvimento do futebol feminino e que estão lutando há vários anos por um lugar ao sol. Acredito no Campeonato Gaúcho mais competitivo, com um nível técnico mais acima. Presenciamos um crescimento físico, técnico e tático na modalidade, o que proporciona uma igualdade melhor - evidenciou Luciano.
- O futebol masculino não precisa excluir o futebol feminino e vice-versa. São dois cenários diferentes, mas ambos podem contribuir muito um com o outro. Alguns processos do dia a dia do futebol masculino podem vir para o futebol feminino como uma forma de facilitar e ser um atalho nessa evolução que se deseja. Existem muitas características do jogo e da vontade das atletas mulheres que também podem servir de exemplo ao cenário masculino. Os dois cenários podem se retroalimentar e contribuir para que o outro esteja cada vez melhor - enfatizou Cyro.
TRANSIÇÃO PARA CARGOS DE GESTÃO E O FUTURO DA CATEGORIA
O último painel abordou as "Perspectivas do Futebol Feminino Brasileiro e Pós-Carreira das Atletas". Mediado pela coordenadora do departamento de competições femininas da FGF, Gabriela Marranghello Luizelli, a conversa também contou com a participação de Bruna Benites, atleta do Internacional, de Karina Balestra, diretora de futebol feminino do Grêmio, e de Renata Armiliato, coordenadora de futebol feminino do Juventude. As painelistas comentaram sobre a transição de atletas para cargos de gestão, as motivações para seguir na modalidade e as expectativas para o futuro da categoria, em especial com a realização da Copa do Mundo Feminina de 2027 no Brasil.
- Uma competição como a Copa do Mundo no Brasil pode fazer com que a gente tenha mais meninas interessadas em jogar, além de construir um público fiel. Hoje já caiu por terra esse conceito de que mulher não sabe jogar futebol ou que não tem público. Sempre que é transmitido, temos recorde de audiência. Espero que esse seja o legado da Copa de 2027 - apontou Bruna.
Durante o evento, o público presente participou fazendo perguntas e debatendo sobre os temas apresentados, em mais uma ação da FGF voltada ao desenvolvimento do futebol feminino no estado.
O projeto FGF Conecta, lançado em 2021, sob coordenação dos professores Ademir Calovi e José Cicero Moraes, tem o intuito de compartilhar conhecimento e conectar clubes, dirigentes, torcedores e público em geral. Além de capacitar os profissionais que atuam nos clubes gaúchos, visando o aperfeiçoamento dos processos através da troca de experiência com um técnico de alto nível do futebol brasileiro.
As demais fotos do evento podem ser conferidas no Flickr da FGF.